Taxa Selic garante (mais) lucro a banqueiros e pobreza à população brasileira
- Sérgio Gadini
- 21 de mar.
- 2 min de leitura
Você sabia que cada ponto (%) a mais na taxa básica de juros (a Selic) representa um aumento aproximado de R$ 50 bilhões ao ano na dívida pública do Brasil? Mas, por variadas razões ou justificativas, pouca gente lembra para reclamar dos benefícios aos banqueiros e detentores dos títulos da dívida, que enriquecem cada vez que o Comitê de Política Econômica (Copom) do Banco Central do Brasil aumenta a taxa Selic.
Mas, bem diferente, com frequência a maioria dos veículos que representam a mídia empresarial - que historicamente defende o uso de dinheiro público apenas aos mais ricos - fala em 'aumento de gasto' quando aparece alguma proposta para reduzir impostos aos pobres. Este é o caso do projeto, apresentado pelo Governo Federal em 18/03/2025, e isso depois de muita pressão social, que pretende isentar quem recebe até R$ 5 mil mensais. Uma medida que registra um custo estimado R$ 27 bilhões por ano ao caixa federal, mas que ironicamente equivale apenas à metade (cerca de 50%) do gasto público com o aumento de 1 ponto percentual na taxa Selic.
Traduzindo? A mesma mídia (mercantil hegemônica) que silencia quando o Banco Central garante dinheiro para banqueiro, pelo aumento de juros, crítica e diz que é 'gasto' quando a isenção fiscal beneficia 10 milhões de contribuintes com salário até 5 mil mensais. Os dados e estimativas são da Auditoria Cidadã da Dívida, entidade sem fins lucrativos que monitora os gastos públicos com a dívida e é responsável pela campanha pela aprovação de um limite máximo na taxa de juros no País.
Oportuno, ainda, lembrar que dos 212 milhões de brasileiros, a própria Receita Federal estima que apenas 141 mil pessoas têm uma renda mensal superior a R$ 50 mil reais, o que revela uma desigualdade secular na distribuição de renda no País. Ainda assim, tem parlamentar por aí, eleito com o voto dos pobres - que se reivindica, entre direita ou extrema-direita, representante do agronegócio, banqueiros ou supostos evangélicos - contrário a qualquer proposta de taxar grandes fortunas no Brasil e aliviar o peso de imposto às maiorias silenciosas.
É, ao que tudo indica, uma clara estratégia da hipocrisia, que admite algum privilégio apenas para determinado setor sempre às custas da grande maioria de pobres, que pagam a conta.
Em outros termos, a isenção fiscal aos que têm renda mensal de até R$ 5 mil mensais, que ainda precisa de aprovação da Câmara dos Deputados e do Senado da República, é sem dúvida importante para reduzir desigualdades sociais, mas é inaceitável qualquer aumento na taxa básica de juros, inclusive porque a população paga bem acima da básica quando precisa de crédito nos bancos públicos ou privados.
É a reflexão da semana: avaliar e cobrar do teu deputado federal e senador. Silenciar é compactuar com a desinformação!
Sérgio Gadini, professor em Jornalismo na UEPG/Brasil. E-mail: slgadini@uepg.br

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