O rapaz dos blocos
- Marcos Leite
- 7 de abr.
- 2 min de leitura
Por que será que certas coisas acontecem na vida das pessoas? Por que razão acometem a alguns e a outros não? Que espécie de sorteio é esse? E como as pessoas reagem quando ocorrem os «privilégios ao contrário»?
Como vemos, o texto de hoje inicia com muitas perguntas. Questões não muito objetivas da vida quotidiana, cujas respostas não são tão fáceis de encontrar.
Em uma sociedade que se moderniza com enorme velocidade, os padrões históricos de família encontram novos horizontes. Nossa civilização ocidental nunca presenciou tamanhas mudanças no padrão do comportamento humano como nos últimos anos. Novas formas de vivenciar o afecto e o relacionamento surgiram e até mesmo nas relações tradicionais percebem-se sensíveis mudanças em comparação às gerações anteriores.
Com tantas descobertas e avanços em nossa sociedade, também novas doenças e condições têm sido descobertas e, com efeito, permeado a vida das pessoas. Neste cenário, o transtorno do espectro autista tem ganhado relevante destaque. Pesquisas apontam um crescimento exponencial no nascimento de bebés com esta condição, o que leva muitos casais a repensar a ideia de ter filhos.
Mas como tudo na vida, há sempre uma fonte de esperança, nem que seja na literatura. Experiências que, quando compartilhadas, amenizam as dúvidas de quem busca por respostas. É sobre isso que trata a obra «O Rapaz dos Blocos», do jornalista e escritor norte-americano Keith Stuart. Publicada em mais de vinte países, o romance inspirado nas experiências do autor busca dar luz a um dilema que envolve as famílias com crianças atípicas.
A história trata de um casal na faixa dos trinta anos e que vive uma compreensível crise, percetível através da dificuldade de demonstrar o amor. Inconformado, o pai busca encontrar uma ligação com o filho, ainda que não consiga compreendê-lo. É quando descobre que algo precisa mudar e que a mudança está em seu próprio comportamento.
Para Sam, o filho autista, o mundo se mostra como um enorme quebra-cabeças, impossível de ser resolvido por conta própria. Até que Alex, o pai, começa a interagir com o filho através do videojogo Minecraft. Mal imaginavam eles que, de um simples jogo, abriria um universo de descobertas capaz de transformar a relação familiar.
A trama mostra-nos que uma família fragmentada pela dificuldade e incompreensão pode voltar a ser reconstruída peça a peça, como em um jogo, até que todas as partes sejam fortalecidas e unidas novamente. «O Rapaz dos Blocos» é uma singular história de amor e resiliência que representa apenas uma das diversas famílias que enfrentam os dilemas do mundo moderno e do convívio com as doenças raras. Uma excelente opção para entender um pouco sobre o espectro autista, que neste dia 2 de abril celebrou-se o dia mundial de conscientização.
Marcos Leite é cronista.

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