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Filme mostra o nascimento da lenda Led Zeppelin

  • Da redação
  • 6 de abr.
  • 6 min de leitura

Atualizado: 6 de abr.

Quem cresceu ouvindo Led Zeppelin saberá do que estamos falando. Uma das bandas icónicas da cena do rock dos anos 70 sempre despertou curiosidade, admiração e, por que não, uma devoção por grande parte de seus milhões de fãs espalhados no planeta. Mas sua história nunca foi devidamente contada. Pois agora, finalmente, um documentário promete desnudar o início da banda. O primeiro documentário oficialmente autorizado – que estreia em maio nos cinemas – explora as origens dos Leds e a sua ascensão meteórica que, contra todas as probabilidades, a icónica banda conseguiu atingir em apenas um ano.


Como em outras produções que também tentaram oficializar a história do Led Zeppelin, este filme quase não chegou a ver a luz do dia diante dos enormes desafios que o realizador teve de enfrentar, como a escassez de filmagens do período inicial da banda, e que conta com testemunhos dos seus membros, impulsionados por imagens psicadélicas inéditas e impressionantes atuações. Esta odisseia cinematográfica imersiva mergulha na história da banda para revelar uma quantidade de imagens raras e nunca antes vistas.


A história por trás deste filme é quase tão dinâmica quanto a da própria banda, já que também ele chegou às salas de cinema contra todas as probabilidades. Em 2017, o realizador Bernard MacMahon e a produtora e realizadora Allison McGourty concluíram 10 anos de pesquisa para “American Epic”, uma premiada série documental de quatro episódios sobre as primeiras gravações de música rural nos EUA na década de 1920 e o seu impacto cultural, social e tecnológico no mundo.


Robert Redford chamou o projeto de “a maior história não contada da América”. “Depois de “American Epic”, estávamos à procura do nosso próximo filme, idealmente algo que explorasse o próximo grande ponto de inflexão, e decidimos que seria 1968”, diz MacMahon. Foi quando surgiu a gravação em multifaixas, quando houve a explosão dos transistores, o início dos grandes festivais ao ar livre e a industrialização do entretenimento. A indústria fonográfica global uniu-se à enorme rede de televisão e rádio para levar música nova simultaneamente a centenas de milhões de lares.


“Em vez de pesquisar os 100 artistas que descobrimos para “American Epic”, perguntamo-nos se haveria algum que tivesse surfado essa onda tecnológica, social e cultural. Não demorou muito tempo para percebermos que a resposta estava nos Led Zeppelin”, conta.  A convicção de MacMahon veio de uma descoberta casual na infância. “Aos 12 anos, a minha mãe, que era antiquária, trouxe para casa uma caixa de antiguidades. No fundo, havia um livro de bolso rasgado de 1975, que se chamava simplesmente “Led Zeppelin”. O livro contava a infância dos membros da banda e dos seus primeiros anos juntos. Eu não conhecia o grupo nem a sua música, mas apaixonei-me pela história e fiquei inspirado pelos relatos sobre a sua aprendizagem e dedicação e sobre como quatro personalidades completamente diferentes uniram os seus talentos e partiram juntos numa aventura”, relembra.


Um dia, a mãe de MacMahon viu-o a ler o livro e comentou que aquela era “a banda do Peter”, referindo-se a um colecionador de antiguidades que costumava visitar a sua casa em Londres. Esse homem era Peter Grant, o empresário dos Led Zeppelin. McGourty conta: “Começámos a escrever um argumento e, com a ajuda do nosso editor, Dan Gitlin, criamos um storyboard, definindo como começaria, até onde da carreira da banda iríamos abordar, que performances incluiríamos, e assim por diante. Percebemos muito rapidamente que existiam poucas imagens da banda e dos seus membros”, recorda.


Tanto Jimmy Page como Robert Plant eram fãs de “American Epic”. Os cineastas organizaram um encontro no Royal Garden Hotel, em Londres e apresentaram um storyboard encadernado num álbum de discos de 1920. Durante sete horas, mergulharam em materiais de arquivo, incluindo diários de Page que datavam de 1963, um livro de registos de sessões que a sua mãe escreveu e uma pequena agenda que ele levava quando andava de estúdio em estúdio. “No final”, conta MacMahon, “o Jimmy olhou para mim e disse: ‘Bem, eu alinho. Queres fazer isto sobre mim?’ Ao que respondi: ‘Não, é sobre a banda.’ Ele sorriu e disse: ‘Isso será um pouco mais difícil. Nós não passamos o Natal juntos, sabe?’ Mas ele ofereceu-se para nos ajudar e, como sempre, cumpriu a palavra.”


Na mesma viagem, os cineastas revisitaram as origens da banda em Inglaterra, acompanhando Page até à sua antiga casa – onde ele não ia desde 1970 – e ao estúdio onde ensaiaram nos primeiros dias. Foi aí que uma senhora idosa se aproximou e comentou: “Sabem que um famoso astro do rock costumava morar naquela casa”, ao que Page simplesmente respondeu: “Não diga?” Mas, mesmo com Page a bordo, tínhamos ainda mais desafios. “Ligamos para o empresário de John Paul Jones, que nos disse que ele não estava interessado em fazer um filme sobre os Led Zeppelin e que não valia sequer a pena enviar uma proposta”, relembra McGourty. “No entanto, conseguimos convencê-los a assistir a 15 minutos de “American Epic”.

 

O “obstáculo” Plant

No dia seguinte, recebemos uma chamada amigável, a dizer que ele gostava de marcar um encontro em Chiswick.” Durante a reunião, os comentários detalhados e perspicazes de Jones fizeram os cineastas perceber que estavam diante de um material novo e revelador. Depois uma apresentação de quatro horas, Jones perguntou: “Quando começamos?”


“Percebi que era o momento certo”, disse John Paul Jones. “Pela primeira vez, poderíamos contar a nossa própria história através das nossas próprias palavras.” Mas ainda havia um obstáculo: Robert Plant. “Robert pertence definitivamente à tradição dos velhos trovadores”, explica McGourty. “Está sempre em movimento, reinventando-se de projeto em projeto, sem olhar para trás, a menos que seja para reaproveitar algo do passado para um novo contexto. Sabíamos que seria difícil convencê-lo.”


Os cineastas conseguiram bilhetes para a noite de abertura da tourné de Plant em Perth, na Escócia. Depois do espetáculo, no backstage, ele comentou que era fã de “American Epic” e perguntou “Então, e o qual é o vosso próximo projeto?” A resposta foi imediata: “Led Zeppelin.” Depois disso, encontraram-se com Plant mais duas vezes, em Sheffield e Los Angeles. “No Orpheum, em Los Angeles, Allison e eu sentimos que aquele seria o encontro decisivo”, afirma MacMahon.


A sala estava cheia de gente. Robert cumprimentou calorosamente e depois passou quase duas horas à conversa com todos os presentes. “Eu quis ir embora, mas Allison insistiu para ficarmos. Eventualmente, o espaço esvaziou, e restávamos apenas nós os dois, Robert e o seu empresário, do outro lado, a uns seis metros de distância. Ficámos imóveis. Por fim, ele aproximou-se e perguntou: ‘Então, vamos a isso?’ Acenamos que sim, e ele disse: ‘Encontrem-se comigo em Birmingham’”, conta o cineasta.


Foram necessárias seis viagens transatlânticas, mas o acordo foi fechado. “Foi a situação mais tensa que já vivi”, diz McGourty. “A produção parecia estar constantemente por um fio. Passámos seis meses a pesquisar, a escrever o argumento e a criar um storyboard completo. Tudo poderia ter sido em vão. Mas, no fim, a resposta foi um ‘sim’ retumbante. Correu tudo bem.” Plant apontou um grande obstáculo: “Não acho que este filme possa ser feito.


Nunca fizemos televisão, e Peter Grant expulsava do público qualquer pessoa que tivesse uma câmara, arrancava a cassete e destruía o equipamento. Não há gravações dos nossos concertos daqueles anos.” Ao que McGourty respondeu: “American Epic” abordou uma era anterior ao som no cinema, que tinha ainda menos câmaras disponíveis, e conseguimos fazer uma série inteira sobre isso. Se alguém pode fazer este filme, somos nós.”


Ainda assim, a banda desafiou os realizadores com perguntas difíceis. Como criar um documentário sem filmagens de concertos ou registos sonoros utilizáveis? Como contar a história do falecido John Bonham sem entrevistas disponíveis? MacMahon manteve-se tão determinado quanto o miúdo de 12 anos que encontrou aquele livro surripiado sobre o Led Zeppelin. “A única coisa que eu sabia era que, com “American Epic” encontrámos filmagens, imagens e gravações que ninguém imaginava existir”, diz ele. “Acreditei que, se o nosso objetivo fosse verdadeiro, alguma força divina acabaria por nos guiar a descobertas semelhantes neste filme.”

 

Os realizadores

Bernard MacMahon é um premiado realizador de cinema, produtor e argumentista, indicado para os BAFTA e para os Emmy. O seu inovador filme de estreia, “American Epic”, que se estreou no Festival de Cinema de Sundance, foi produzido e narrado por Robert Redford e venceu o Festival Internacional de Cinema de Sydney, recebendo ainda o reconhecimento e aclamação da crítica mundialmente. “American Epic” é frequentemente citado pelos críticos como um dos melhores documentários musicais já feitos.


Allison McGourty é uma premiada produtora, argumentista e supervisora musical, indicada aos BAFTA. A sua série de estreia, “American Epic”, narrada e produzida por Robert Redford, foi considerado um dos melhores documentários musicais já produzidos. Estreou-se no Festival de Cinema de Sundance e venceu o Festival Internacional de Cinema de Sydney, recebendo o reconhecimento da crítica mundialmente.


Allison esteve também por trás da criação do musical “The American Epic Sessions, protagonizado por Elton John, Willie Nelson, Steve Martin, Jack White, Taj Mahal, Nas e muitos outros. O filme ganhou um Grammy, além dos prémios do Público e de Descoberta no Festival Internacional de Cinema de Calgary, tendo ainda sido indicado aos BAFTA e aos Emmy Primetime. Co-argumentista e produtora de “Led Zeppelin – o nascimento de uma lenda”, McGourty é originalmente da costa oeste da Escócia e atualmente vive em Santa Monica, Califórnia.


Ficha Técnica

com JOHN BONHAM, JOHN PAUL JONES, JIMMY PAGE, ROBERT PLANT

Montagem DAN GITLIN

Supervisão musical ALLISON MCGOURTY

Produção executiva ALEX TURTLETAUB ,MICHAEL B. CLARK, CYNTHIA HEUSING, DAVID KISTENBROKER, DUKE ERIKSON SIMON MORAN GED DOHERTY

Produção ALLISON MCGOURTY BERNARD MACMAHON

Argumento BERNARD MACMAHON, ALLISON MCGOURTY

Realizado por BERNARD MACMAHON







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