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Dança e cores no Carnaval mais genuíno de Portugal

  • Da redação
  • 2 de mar.
  • 3 min de leitura

Uma vez por ano as pequenas e empedradas ruas de Podence transformam-se em um colorido mágico. É uma tradição iconográfica que perdura e atrai cada vez mais visitantes à pequena aldeia, distante 32 km de Bragança, em Trás-os-Montes, no norte do País. Os visitantes curiosos juntam-se aos moradores locais, na dança com muito barulho e alegria em um dos carnavais mais genuínos de Portugal: o Entrudo do Chocalheiro.


Sem os conhecidos trajes carnavalescos e os carros alegóricos de um carnaval comum, os caretos de Podence primam pela autenticidade. Por lá, o evento festeja-se de outra maneira, marcando o final do inverno e dando as boas-vindas a um início próspero da primavera. A festa foi reconhecida em 2019 como património imaterial da humanidade, pela Unesco. Os caretos de Podence revivem, entre o Domingo Gordo e a Terça-Feira de Carnaval, a génese de sua história que os tornou tão especiais e únicos.


Os caretos, em seus trajes coloridos, máscaras de semblante diabólico e chocalhos na cintura, são uma representação dos espíritos e, através de suas danças e saltos e chacoalhadas afastam o mal e atraem uma boa colheita. Os caretos andam à solta nos quatro dias de Carnaval. A aldeia enche-se de vermelho, verde e amarelo trazidas pelos estendais de fitas que atravessam as ruas, juntando-se aos murais pintados nas paredes, interrompendo o descanso e o silêncio comuns na aldeia nos dias normais.


Uma das novidades deste ano na festa será a inauguração de um mural dedicado ao Papa Francisco. Em janeiro último, o Papa recebeu com entusiasmo uma comitiva dos Caretos de Podence, no Vaticano. Os chocalhos dos Caretos de Podence vão fazer-se ouvir durante os quatro dias, com os homens da aldeia à procura de raparigas para dançar e chocalhar, não só em homenagem ao Papa mas também aos outros personagens que emolduram as paredes da aldeia.

 

Raízes pagãs

Uma Caminhada pelo Trilho do Entrudo Chocalheiro, com partida da Casa do Careto, marca a abertura do programa, no dia 1. Mercadinho regional, experiências de pintura de máscaras, animação de rua, almoços e jantares tradicionais, noites chocalheiras, desfiles de “facanitos” (crianças vestidas de caretos), desfiles noturnos, exposições, visitas ao Geopark Terras de Cavaleiros, concertos, passeios de buggy e a tradicional procissão da queima são alguns dos motivos de interesse de um programa recheado de atividades e animação.


“É um exemplo de autenticidade e preservação dos costumes mais ancestrais do nosso concelho, que com este evento consegue levar o nome de Podence e de Macedo de Cavaleiros a todo o mundo”, explicou o presidente da Câmara Municipal, Benjamim Rodrigues, cada vez mais encantado com a retorno que a festa traz para a aldeia, com o aumento do número de turistas e a consolidação de uma tradição que vem de longe. Acredita-se que as raízes do Entrudo Chocalheiro venham de antigos rituais pagãos, para celebrar o final do inverno e a renovação da natureza e a fertilidade dos campos na próxima estação.

 

As marcas de Podence


Máscaras

A indumentária é um dos elementos identitários dos caretos. As calças e os casacos são de tecidos grossos e cobertos de franjas coloridas, com um capaz que se prolonga como se fosse uma calda. Na cintura, grandes e pesados chocalhos. As máscaras são de metal ou couro em vermelho e preto.

 

Chocalhada

Se é mulher, prepara-se para uma chocalhada. É um ritual de comemoração, onde os caretos abraçam-se às mulheres e batem-lhe com seus chocalhos. A tradição está ligada a rituais de fertilidade.

 

Murais

Murais que retratam os caretos estão espalhados pelas ruas de Podence, com suas máscaras e trajes coloridos. Uma homenagem à cultura e à alma da aldeia. Também são retratados murais de pessoas conhecidas, como o Papa Francisco e o jogador Cristiano Ronaldo.




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