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Bantu é uma fusão de afectos entre Portugal e Moçambique

  • Da redação
  • 21 de fev.
  • 2 min de leitura

O coreógrafo Victor Hugo Pontes traz seu novo trabalho para o Teatro Municipal da Covilhã (TMC). Bantu é um espetáculo que reúne, além da dança, uma viagem de sensações e sentimentos entre Portugal e Moçambique. Na origem do espetáculo está um convite endereçado a Pontes pelos Estúdios Victor Córdon e o Camões – Centro Cultural Português em Maputo, para o desenvolvimento de uma nova criação de dança com intérpretes moçambicanos e portugueses. O resultado dessa fusão de afectos poderá ser constatado neste sábado (22), às 21h30.


Os Estúdios Victor Córdon e o Camões – Maputo decidiram desenvolver uma parceria para uma programação conjunta ao longo de três temporadas, a qual resultou de uma vontade de criar pontes entre os dois países e possibilitar a circulação e internacionalização da dança. Fruto desta parceria, Bantu nasceu com o objetivo de cruzar culturas e aproximar os dois países, permitindo a formação, circulação e internacionalização dos intérpretes.


Bantu designa uma família de línguas faladas na África subsariana. Em Moçambique ouvem-se várias línguas bantu; a predominante é a macua. Mas Bantu designa mais do que uma ocorrência linguística. Pode ser também uma linguagem própria que sobreviveu às línguas europeias entretanto impostas; um mecanismo identitário; um sistema corporal «falado» por africanos; um signo que permaneceu vedado ao colonizador; uma forma de comunicação com códigos culturais, históricos, religiosos e políticos próprios; uma materialização efémera do mais longo encontro.


O Bantu, título, acolhe tudo o que imagina-se que Bantu, o espetáculo, seja. Da língua que se fala, também se vê-o mundo: talvez fosse mais ou menos esta a ideia de Pessoa quando escreveu a célebre e mal compreendida frase sobre a língua portuguesa. Em Bantu, Victor Hugo Pontes percorre o caminho que conduz ao encontro com uma língua que provavelmente estará até despida de palavras. Quando se fala com o corpo se usa uma linguagem universal e que é esta a linguagem da dança.

Acontece que, das diferentes geografias – num país ou num palco –, há diferentes perspetivas do mesmo mundo, e assim nunca se pode falar a mesma língua, nem ver as mesmas coisas, nem chegar aos mesmos lugares. Bantu é um caminho por traçar. E o percurso será feito entre dois continentes, entre dois países com afinidades complexas e memórias profundas um do outro.


Victor Hugo Pontes nasceu em Guimarães, em 1978. É licenciado em Artes Plásticas – Pintura, pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. Em 2001, frequentou a Norwich School of Art & Design, Inglaterra. Concluiu os cursos profissionais de Teatro do Balleteatro Escola Profissional e do Teatro Universitário do Porto, o curso de Pesquisa e Criação Coreográfica do Fórum Dança, assim como o curso de encenação na Fundação Calouste Gulbenkian.


Como criador, a sua carreira começa a despontar a partir de 2003 com o trabalho Puzzle. Desde então, vem consolidando a sua marca coreográfica, tendo apresentado o seu trabalho por todo o país, assim como em Espanha, França, Itália, Alemanha, Rússia, Áustria, Brasil, entre outros. É, desde 2009, o diretor artístico da Nome Próprio – Associação Cultural, com sede no Porto.

 

Fotos: João Tuna/TNSJ






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