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A lista cada vez maior de escândalos do Chega

  • Da redação
  • 6 de fev.
  • 4 min de leitura

Com pautas de moralidade e de combate à corrupção, o partido Chega parece não estar aplicando na prática o seu discurso que costuma vender à sociedade portuguesa. Recentemente, uma série de escândalos atingiram dirigentes importantes do partido. O último atingido foi o dirigente Nuno Pardal, conselheiro nacional do partido e deputado municipal em Lisboa, acusado de prostituição de menores pelo Ministério Público por ter, alegadamente, tido relações sexuais com um jovem de 15 anos, a quem pagou 20 euros — levantados com um código de MB Way. Pardal tinha 51 anos de idade em julho de 2023.


A notícia foi divulgada nesta semana pelo semanário Expresso, que teve acesso à acusação e detalha que o dirigente do partido liderado por André Ventura teve contacto com o menor através de uma aplicação. Depois do escândalo, Nuno Pardal teria renunciado ao seu mandato como deputado municipal e aos restantes cargos no partido — tendo também informado André Ventura sobre a acusação e sobre a decisão de renúncia. Garantindo estar focado em “provar a inocência”, Pardal diz que renunciou ao mandato devido à situação “muito delicada”, pessoal e politicamente.


Em resposta ao Expresso, Nuno Pardal não negou o encontro sexual com o jovem, mas argumentou que estava convencido de que se tratava de um adulto. Diz ter conhecido “a pessoa em questão num aplicativo de encontros para maiores de 18 anos”. “Até ser confrontado com este processo, desconhecia por completo que era menor de idade”, disse Nuno Pardal, antigo toureiro que é também o presidente da Associação Nacional de Toureiros.


Além de deputado na Assembleia Municipal de Lisboa e conselheiro nacional, Nuno Pardal só por pouco é que não é também deputado na Assembleia da República, já que nas últimas legislativas era o décimo da lista do Chega por Lisboa, distrito onde o partido elegeu nove deputados.


Segundo o Expresso, Nuno Pardal, de 51 anos, e a vítima, de 15, conheceram-se através da aplicação Grindr e usaram, depois, o WhatsApp para agendar um encontro. No dia 11 de julho de 2023, de acordo com a acusação do Ministério Público citada por aquele jornal, os dois encontraram-se junto a uma estação de comboios, antes de seguirem no carro do dirigente do Chega para um pinhal.


Ainda de acordo com o Expresso, o processo envolve ainda outro acusado: o instrutor de voo que já tinha estado envolvido no caso da aterragem de uma avioneta na Costa da Caparica, em 2017. Chegou a ser acusado de dois homicídios, foi absolvido pela primeira instância e condenado a pena suspensa pelo Tribunal da Relação. O piloto também terá tido um encontro sexual com o rapaz de 15 anos, a quem pagou 50 euros.

 

Casos e mais casos

O elenco de escândalos do partido parece não ter fim. Além de escândalos sexuais, surgem na lista furto, embriaguez, discurso de ódio e segregação racial. O deputado do partido no Açores José Paulo Sousa foi apanhado, nesta semana, numa operação STOP com 2,25g/l de álcool no sangue. Na reação, o deputado admitiu o “erro grave” do qual se “arrepende” e “envergonha”.


Outro caso badalado recentemente foi o do deputado Miguel Arruda, alvo de buscas nas casas de Lisboa e de Ponta Delgada por suspeitas de furtar malas nos aeroportos nacionais. Diz-se inocente e que as malas são suas, mas não consegue explicar as imagens de videovigilância que alegadamente existem e que o apanham a furtar as malas. Desvinculou-se do Chega e passou a deputado não inscrito, mas meteu baixa médica por motivos psicológicos.


Nem o líder do partido, André Ventura, está imune. Ele é dos que coleciona mais processos e sempre na sequência de declarações políticas. No primeiro, foi condenado por segregação racial em 2021, com sentença transitada em julgado, por chamar "bandidos" aos membros da família Coxi, do Bairro da Jamaica.


Foi ainda alvo de duas queixas por difamação, apresentadas por Mariana Mortágua e Fernando Rosas, ambos do Bloco de Esquerda, que acabaram arquivadas. Da mesma forma acabou a queixa por desobediência por realizar um evento político em Braga na altura de confinamento devido à pandemia de covid-19. Atualmente, está a ser investigado pelo crime de incitamento ao ódio, na sequência de declarações sobre o caso da morte de Odair Moniz, o cidadão cabo-verdiano morto por um agente da PSP.


Também o líder parlamentar do Chega, Pedro Pinto, está a ser investigado por incitamento ao ódio por declarações relacionadas com o caso de Odair Moniz. Na RTP, Pedro Pinto disse que "talvez se os polícias disparassem mais a matar o país estava em ordem". Noutro caso, Pinto foi acusado por vários pais de ter agredido um árbitro de 18 anos num torneio infantil de escalões de sub-11 e sub-13, em que também participava a equipa do seu filho, o Futebol Clube do Crato. O deputado nega, mas a GNR esteve no local e vários pais asseguram ter testemunhado as agressões ao árbitro.


O vice-presidente do Chega, Pedro Frazão, foi condenado por afirmações falsas sobre Francisco Louçã, ex-coordenador do Bloco de Esquerda. Em 2021, Frazão disse que Louçã "recebeu uma avença do BES", o que é falso, como o tribunal provou. Foi condenado a publicar um desmentido nas redes sociais, mas foi alvo de novo processo de Louçã porque publicou o desmentido com atraso. O ex-dirigente do BE exige a Frazão 3.700 euros.


O presidente da distrital de Braga do Chega, Filipe Melo, teve o salário de deputado penhorado, em 2022, na sequência da falta de pagamento de uma dívida ao Colégio João Paulo II, que o filho frequentou e onde recebeu tratamentos. Filipe Melo e a mulher tinham de pagar 50 euros por mês à instituição, mas isso nunca aconteceu e acabaram com uma penhora de 15 mil euros mais juros. Mas este não foi o único processo com penhoras em que Filipe Melo se envolveu. Noutros dois, foi condenado ao pagamento de dívidas que totalizam 80 mil euros. Este deputado também foi acusado de desobediência pela realização do jantar para 120 pessoas durante o confinamento da covid-19, num processo que acabou arquivado.

 



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